Vamos lá caros leitores, se essa não é a pergunta que vocês mais fazem, talvez seja uma das mais perguntadas! Pois bem, resolvi contar pra vocês um pouco mais dessa experiência de estudar na mais tradicional escola de culinária do mundo, a Le Cordon Bleu.
Para começar, a Le Cordon Bleu é uma escola tradicional. O que isso quer dizer? Bom, isso quer dizer que você vai aprender muito sobre o século passado, sobre as principais receitas servidas para a corte, etc. Interessante que aprendi lá que o garfo surgiu na França no século XVI, assim como a finesse e o refinamento que foi levado para França pelos Italianos.
Bom, nos primeiros dias aprendi também sobre a história da cozinha francesa. Como gosto muito de história, e sou curiosa, foi um prato cheio! Vocês tem ideia de que durante um tempo o tomate era proibido na Europa? Naquela época a igreja praticamente decidia tudo e proibiu o fruto porque o vermelho era a cor do pecado.
Além de um pouco de história (o que eu acredito que depende principalmente do conhecimento do Chef – professor), você aprende muito sobre corte de legumes (todos os nomes em francês), em que tipo de preparo esses cortes são utilizados (saladas, molho, fundos, como guarnição, etc)… Aprende também as sopas bases, os caldos e fundos, etc.
Na primeira e segunda semana vai ser assim. Você ate vai achar meio tedioso (falo por mim!!) porque todo dia tem que descascar e cortar legumes, tornear batatas, nabos e cenouras e preparar sopas.
Depois as aulas seguem uma sequencia de temas (molhos em geral, peixes, carnes, aves, ovos, suflês, massas, miúdos, etc), e você sabe antes da aula o que vai aprender. Você recebe um cronograma das aulas, além da apostila ser bem clara e de certa forma, organizada (tem a receitas em “portunhol” e francês).
Pode parecer muita coisa, e na verdade é, para iniciantes em cozinha. É muita informação e técnicas novas, receitas, instrumentos, além dos cuidados e riscos de estar numa cozinha (acho que as pessoas no geral não pensam isso, e há muitos!).
Na Le Cordon Bleu você se forma cozinheiro. Na escola eles te ensinam a hierarquia da cozinha, a ser ético, respeitoso, seguir regras e a trabalhar em equipe. As aulas práticas ainda estão longe de ser parecidas com um ambiente de cozinha de verdade, ou seja, a profissional. Ao menos é o que dizem os professores experientes.
No geral a escola é bem rígida quanto a pontualidade, postura e faltas. Eu acho que só dei valor a isso quando recebi o Diploma e vi a pontuação dada a cada requisito. Por exemplos as faltas, esgotei todas. Atrasos, alguns pouquíssimos minutos foram descontados com peso % do total. E até num dos itens que eu sempre me achei nota 10, a organização, eu fui medianamente avaliada.
Um dos aspectos que achei mais interessantes de experimentar foi, cozinhar todos os dias, sem autonomia para criar ou “fazer do meu jeito”, e sem poder enrolar em nada porque no final, o prato tinha que estar pronto. Bom, tudo isso se resume a muito cansaço, pressão, pernas inchadas, cheiro de comida sempre, preguiça de comer, enjoar de ver comida e olheiras, falta de tempo… Enfim, é bem duro e um pequeno experimento da realidade. Mas admito que já sinto saudades.
Na Le Cordon Bleu eles te ensinam que cozinhar não é fácil. Para ser cozinheiro é preciso dedicação, organização, atenção, treino, esforço, sacrifícios. Ou seja, é preciso amar muito, e cada vez mais , todos os dias e para sempre! <3